sábado, 24 de setembro de 2011

NOVAS TECNOLOGIAS: EDUCAÇÃO E TRABALHO


De fora da sala de aula, de dentro da cidade, com apoio da tecnologia. É sob essa perspectiva que os novos profissionais de educação tem trabalhado ou buscado oportunidades de se especializarem, como contam os educadores Mônica Araújo, Alberto Ortenblad, Solange Ardila e Kika Palma, que encontraram novos caminhos para sua profissão.

Todos concordam que as novas tecnologias aumentam a necessidade de uma formação mais abrangente para os profissionais de educação. A socióloga e gerente de programas do Instituto Criar, Kika Palma, lembra que “a formação multidisciplinar do educador contribui para uma atuação mais ampla e humanista, incentivando nos educandos a competência, a autonomia e a solidariedade”.

Com esse diagnóstico em vista, Solange Ardila, responsável pela formação de educadores do museu Afro-Brasil, defende que a educação fora da escola, em suas diferentes configurações, é importante para qualquer pessoa. “Diante das necessidades dos educadores na instituição em que trabalho busquei grupos de estudo e alternativas ao ensino formal.”

Sendo assim, porque não usar a tecnologia para buscar formação? Foi o que fez Mônica Araújo, professora orientadora do MBA Executivo em Gestão e Negócios do Desenvolvimento Regional Sustentável, uma pós à distância oferecida pela Universidade Federal da Bahia. “Estou pleiteando uma vaga de mestrado em Direitos Humanos, promovido pela Universidade de Sevilha, em modalidade semi-presencial. Posso equacionar a formação com meu trabalho e fazer estas duas coisas na minha casa”.

O educador Alberto Ortenblad compartilha de opinião semelhante. “Formamo-nos continuamente, todos os dias, se estivermos abertos.” Atuando com jovens jogadores de futebol de base sub 20, sub 17 e sub 15, em um projeto do Instituto ASAS em São Paulo (SP), ele ressalta que “o mais interessante é exercitar a escolha e conseqüentemente, a autonomia. Com a oferta atual – inclusive de cursos gratuitos – é possível fazer o que infelizmente não se pode na escola: montar sua própria grade de estudos, de acordo com a vontade e significação do indivíduo”.

Projetos e práticas

Se a tecnologia é uma importante aliada na formação de educadores, ela também contribui para a formação dos educandos. Mônica Araújo, da Universidade Federal da Bahia, frequentemente usa as novas mídias nas suas oficinas e formações.

Certa vez, em 2008, ela convidou jovens de uma escola situada num dos bairros mais violentos de Porto Alegre, a Vila Bom Jesus, para aplicarem uma atividade. A ideia era “organizar uma oficina de blog para os professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, conta. “Foi uma experiência fantástica, pois em termos de tecnologia eles davam de dez a zero nos professores. Quando avaliamos a experiência, um aluno me disse: ‘eu nunca imaginei que fosse capaz de ensinar uma coisa para alguém’. Ainda hoje me emociono quando lembro desse menino”, reconhece Mônica.

Outro projeto que usa a tecnologia para a formação e articulação social é o site Open City Labs. Ele reúne iniciativas de integração local mundo afora, oferencendo diferentes tipos de serviços proporcionados pelo uso de tecnologias baratas aliadas aos agentes de educação.

“A internet favorece a aproximação de pessoas espacialmente distantes. O desafio das Civic Medias – ou mídias comunitárias, no Brasil –, no entanto, é fortalecer o senso de comunidade local, isto é, ajudar as pessoas a organizar eventos locais e descobrir o que está acontecendo em suas cidades”, afirma Léo Burd, pesquisador de tecnologias socias do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Léo trabalha desenvolvendo projetos digitais, que visam ampliar o acesso à educação e aperfeiçar a democracia. “Uma das principais metas do projeto é atingir aqueles que, por não poderem dispor de tecnologia de alta qualidade, ficam de fora das oportunidades oferecidas pelos serviços sociais que acontecem a partir de plataformas on-line.”

Um exemplo é o Wikimapa: um mapa virtual com referências locais de cinco diferentes comunidades cariocas de baxa renda, alimentado de forma colaborativa pelos mais diversos participantes, por meio do celular ou da internet. Em cada uma das comunidades, um jovem morador é responsável por identificar as trilhas e caminhos, trabalhando como um mediador na construção dos mapas em locais onde sequer tem ruas reconhecidas.

Fonte: Aprendiz