Um material elaborado pelo Ministério da Educação para combater a homofobia nas escolas gerou polêmica no fim do ano passado.
Mesmo sem data para chegar aos colégios de ensino médio do País, o kit – formado por vídeos, guia de orientação para o professor e cartilhas – foi criticado em apresentação prévia na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Agora, o Conselho Federal de Psicologia entrou na discussão em defesa do material.
No dia 07/02/11 o conselho publicou um parecer favorável ao kit do Projeto Escola sem Homofobia. Uma comissão de psicólogos e especialistas se debruçou sobre o material para avaliar a qualidade técnica, didática e pedagógica dos vídeos e textos e a adequação do conteúdo à faixa etária do público que o receberá.
A previsão é de que 6 mil colégios tenham acesso ao material este ano.
Para o CFP, os filmes e livretos que abordam conflitos de adolescentes em relação à sexualidade têm linguagem correta para os alunos que serão alvos do projeto e trata de forma cuidadosa os temas.
“Representa material de vanguarda, pois são instrumentos de capacitação e formação continuada para o próprio professor.
O kit reforça a atenção e cuidado com os temas transversais da educação nas relações de ensino-aprendizagem, como no caso do respeito à diversidade sexual”, diz o relatório.
A entidade diz que faz parte do compromisso profissional de qualquer psicólogo contribuir para reflexões sobre preconceito e o fim de discriminações sexuais.
O texto de cinco páginas começa justificando a importância da discussão do tema nas escolas, que têm a responsabilidade de formar cidadãos éticos e que respeitem as diferenças, segundo os psicólogos.
“A discussão principal sobre o tema refere-se à necessidade de tratar preconceitos e discriminações que refletem uma violência (verbal, simbólica) reverberando nos espaços de convivência escolar”, afirma o texto.
De acordo com os psicólogos, faltam instrumentos de qualidade para que professores e orientadores trabalhem o tema em sala de aula.
A iniciativa, para eles, é positiva.
A entidade sugere ainda que outros setores, como redes sociais, desenvolvam projetos semelhantes para combater o preconceito.
O material foi elaborado em parceria com a Pathfinder do Brasil; a Reprolatina - Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva; e a ECOS - Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana (São Paulo-SP); e com o apoio da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT); da GALE – Global Alliance for LGBT Education; e da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT do Congresso Nacional.
Escola sem homofobia
Nos filmes que compõe o kit, adolescentes apresentam conflitos em relação à própria sexualidade e mostram como decidiram enfrentar o preconceito.
Os curtas foram apresentados na Câmara e se tornaram alvo de críticas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Em sessão realizada no Plenário da Câmara dos Deputados após o seminário, Bolsonaro pediu que os parlamentares o ajudassem a impedir a circulação do material, que segundo ele seria distribuído e exibido a crianças com menos de 10 anos – o MEC diz que o público alvo são os alunos do ensino médio.
Para ele, os vídeos “incentivariam os estudantes a se tornarem homossexuais”.
Os psicólogos do CFP discordam.
No parecer, eles afirmam que não existe a possibilidade de que os vídeos influenciem a orientação sexual dos alunos.
“Entendemos que o material não induz o corpo discente e mesmo docente à prática da homossexualidade. Pelo contrário, possibilita que professores e alunos trabalhem o tema diferenciando o que é da ordem da heterossexualidade e da homossexualidade”, destaca o relatório.
Fonte: IG